Ontem, a libra esterlina registrou um ganho significativo em relação ao dólar americano. O principal fator por trás do movimento foi a notícia de que o Reino Unido aumentará o salário mínimo para trabalhadores com 21 anos ou mais em 4,1%, uma medida destinada a apoiar os trabalhadores de baixa renda.

A chanceler do Tesouro, Rachel Reeves, anunciou planos para aumentar o salário mínimo para £12,71 por hora, um dia antes da apresentação do tão aguardado orçamento. Reeves afirmou que essa decisão, que entrará em vigor em abril do próximo ano, ajudará as pessoas que estão com dificuldades para se manter. Com isso, o salário mínimo volverá a superar a inflação em 2025.

O aumento certamente será um alívio para milhões de trabalhadores de baixa remuneração em todo o país. Muitas famílias que enfrentam pressão financeira poderão respirar um pouco mais aliviadas sabendo que sua renda aumentará. No entanto, é importante lembrar que essa é apenas uma peça dentro de um quadro econômico muito mais amplo.

A reação do setor empresarial ao anúncio deve ser mista. Pequenas empresas — especialmente aquelas com grande proporção de trabalhadores de baixa renda — podem sentir um aumento considerável de custos. As grandes corporações, por outro lado, tendem a estar mais preparadas para absorver essa mudança e podem até enxergar nela uma oportunidade de elevar a produtividade, melhorando a moral dos funcionários.

Também é preciso considerar os potenciais efeitos inflacionários. Embora o aumento do salário mínimo tenha como objetivo ajudar os trabalhadores a lidar com preços mais altos, ele pode acabar impulsionando a inflação caso as empresas repassem seus custos adicionais aos consumidores — algo que, inevitavelmente, ocorrerá em muitos setores. Nesse cenário, parte dos benefícios do aumento salarial pode ser anulada.

A medida faz parte de um conjunto mais amplo de iniciativas incluídas no orçamento para enfrentar o alto custo de vida. A chanceler já havia congelado as tarifas ferroviárias e deve anunciar, nesta quarta-feira, outras ações para reduzir as despesas das famílias, incluindo cortes nas contas de eletricidade. Trata-se de um pacote fiscal projetado para restabelecer a relação do Partido Trabalhista com os eleitores e para acalmar os mercados.

Com o novo ajuste, o salário mínimo nacional para trabalhadores com 21 anos ou mais passa a representar um aumento anual de £900. Para trabalhadores de 18 a 20 anos, o acréscimo será ainda maior — £1.500 por ano — graças a um aumento de 8,5%, elevando o salário mínimo dessa faixa etária para £10,85 por hora.

Segundo Reeves, o aumento — que segue as recomendações da Low Pay Commission — garantirá "uma recompensa justa pelo trabalho duro daqueles que têm baixa renda." Vale destacar que o Reino Unido já possui um dos salários mínimos mais altos da Europa.

A inflação ao consumidor desacelerou para 3,6% no último mês, ainda distante da meta de 2% do Banco da Inglaterra. A instituição prevê uma nova queda para 2,9% até o segundo trimestre do próximo ano. No entanto, como mencionei, as novas medidas fiscais podem alterar esse cenário rapidamente. A libra já reagiu positivamente, subindo contra o dólar, diante da perspectiva de que essas políticas possam influenciar o rumo da taxa de juros do Banco da Inglaterra.

Cenário técnico do GBP/USD: Os compradores da libra precisam romper a resistência imediata em 1.3211. Somente então poderão mirar 1.3244, nível acima do qual um rompimento sustentado será difícil. O alvo mais distante permanece em 1.3275.

Se o par recuar, os ursos tentarão retomar o controle em 1.3180. Um rompimento consistente abaixo dessa faixa representará um golpe significativo para os compradores, abrindo caminho para a mínima de 1.3155, com possibilidade de extensão até 1.3125.